sábado, 31 de agosto de 2013

Lira IX

Parte III

Chegou-se o dia mais triste
que o dia da morte feia;
caí do trono, Dircéia,
do trono dos braços teus,
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!

Ímpio Fado, que não pôde
os doces laços quebrar-me,
por vingança quer levar-me
distante dos olhos teus.
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!

Parto, enfim, e vou sem ver-te,
que neste fatal instante
há de ser o teu semblante
mui funesto aos olhos meus.
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!

E crês, Dircéia, que devem
ver meus olhos penduradas
tristes lágrimas salgadas
correrem dos olhos teus?
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!

De teus olhos engraçados,
que puderam, piedosos,
de tristes em venturosos
converter os dias meus?
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!

Desses teus olhos divinos,
que, terno e sossegados,
enchem de flores os prados
enchem de luzes os céus?
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!

Destes teus olhos, enfim,
que domam tigres valentes,
que nem rígidas serpentes
resistem aos tiros seus?
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!

Da maneira que seriam
em não ver-te criminosos,
enquanto foram ditosos,
agora seriam réus.
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!

Parto, enfim, Dircéia bela,
rasgando os ares cinzentos;
virão nas asas dos ventos
buscar-te os suspiros meus.
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!

Talvez, Dircéia adorada,
que os duros fados me neguem
a glória de que eles cheguem
aos ternos ouvidos teus.
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!

Mas se ditosos chegarem,
pois os solto a teu respeito,
dá-lhes abrigo no peito,
junta-os cos suspiros teus.
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!

E quando tornar a ver-te,
ajuntando rosto a rosto,
entre os que dermos de gosto,
restitui-me então os meus.
Ah! não posso, não, não posso
dizer-te, meu bem, adeus!

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INTERPRETAÇÃO:

Nesta lira conta sobre quando Dirceu estava sendo deportado, e se despedindo de sua 
amada, onda a partir dali terá uma vida nova , e provavelmente terá novas companheiras. E sua amada terá de se contentar por não ter mais Dirceu ao seu lado, e consequentemente se acostumar a notícia de que ele terá uma nova mulher na vida dele .

CONTEXTO HISTÓRICO:

Como na maioria das liras, fala muito sobre a inconfidência mineira, e nessa lira fala que ele foi deportado do país, onde a parti dali terá uma vida nova pela frente, se despedindo de sua amada.

ARCADISMO:

Nesta lira á presença do estado de espírito de espontaneidade dos sentimentos, devido aos sentimentos presente de muita saudade e dos momentos bons que eles passaram .

GLOSSÁRIO:

ímpio: Algo ou aguem que despreza a religião.
fado: Destino, sorte
ditoso: Que tem boa sorte


Guilherme Koichi
Número: 12.
1° C.


Lira VIII

Parte III

Em cima dos viventes fatigados
Morfeu as dormideiras espremia:
Os mentirosos sonhos me cercavam;
            Na vaga fantasia
            Ao vivo me pintavam
            As glórias, que desperto,
            Meu coração pedia.

Eu vou, eu vou subindo a nau possante,
Nos braços conduzindo a minha bela;
Volteia a grande roda, e a grossa amarra
              Se enleia em torno dela;
              Já ponho a proa à barra,
              Já cai ao som do apito
              Ora uma, ora outra vela.

  Os arvoredos já se não distinguem:
A longa praia ao longe não branqueja;
E já se vão sumindo os altos montes,
               Já não há que se veja
               Nos claros horizontes,
               Que não sejam vapores,
               Que Céu, e mar não seja.

        Parece vão correndo as negras águas,
E o pinho qual rochedo estar parado;
Ergue-se a onda, vem à nau direita,
               E quebra no costado;
               O navio se deita,
               E ela finge a ladeira
               Saindo do outro lado.

      Vejo nadarem os brilhantes peixes,
Cair do lais a linha que os engana;
Um dourado no anzol está pendente,
              Sofre morte tirana,
              Entretanto que a sente,
              Ao tombadilho açoita
              A cauda, e a barbatana.

        Sobre as ondas descubro uma carroça
De formosas conchinhas enfeitada;
Delfins a movem, e vem Tétis nela;
              Na popa está parada;
              Nem pode a Deusa bela
              Tirar os brandos olhos
              Na minha doce amada.

         Nas costas dos golfinhos vêm montados
Os nus Tritões, deixando a esfera cheia
Com o rouco som dos búzios retorcidos.
                    Recreia, sim, recreia
                    Meus atentos ouvidos
                    O canto sonoroso
                    Da música sereia.

         Já sobe ao grande mastro o bom gajeiro;
Descobre arrumação, e grita – terra!
À murada caminha alegre a gente;
               Alguns entendem que erra;
               Pelo imóvel somente
               Conheço não ser nuvem,
              Sim o cume d’alta serra.

         De Mafra já descubro as grandes torres;
(E que nova alegria me arrebata!)
De Cascais a muleta já vem perto,
               Já de abordar-nos trata;
               Já o piloto esperto,
               Inda debaixo manda
               Soltar mezena, e gata.

        Eu vou entrando na espaçosa barra,
A grossa artilharia já me atroa;
Lá ficam Paço d’Arcos, e a Junqueira;
                Já corre pela proa
                Uma amarra ligeira;
                E a nau já fica surta
                Diante da grã Lisboa.

       Agora, agora sim, agora espero
Renovar da amizade antigos laços;
Eu vejo ao velho pai, que lentamente
              Arrasta a mim os passos;
              Ah! com vem contente!
              De longe mal me avista,
              Já vem abrindo os braços.

      Dobro os joelhos, pelos pés o aperto;
E manda que dos pés ao peito passe;
Marília, quanto eu fiz, fazer intenta;
               Antes que os pés lhe abrace
               Nos braços a sustenta;
               Dá-lhe de filha o nome,
               Beija-lhe a branca face.

        Vou descer a escada, oh Céus, acordo!
Conheço não estar no claro Tejo;
Abro os olhos, procuro a minha amada,
               E nem sequer a vejo.
               Venha a hora afortunada,
               Em que não fique em sonho
               Tão ardente desejo!

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INTERPRETAÇÃO:

Nesta Lira, Dirceu já não está mais no Brasil, e tem muitas saudades de sua amada. Ele começa falando que está em um navio, regressando a sua terra natal, Portugal. Não se consegue ver mais as prais brancas, nem os montes, só o vapor, a água e o céu. O autor consegue ver criaturas mitológicas, como Tritões e Sereis, fala sobre os peixes brilhantes, que ao caírem na linha, sofrem morte tirana, ao retirarem  sua cauda e sua barbatana. Na sétima estrofe, ele diz que ouve o som da buzina, e o gajeiro gritar - Terra!, então consegue ver o cume da montanha, e as grandes torres, e fica muito feliz por estar de volta a Lisboa, pois espera renovar suas amizades antigas. De longe vê seu pai, que lentamente vêm ao seu encontro com braços abertos. Dirceu se ajoelha, e abraça seus pés. Encontra com sua amada, a abraça e diz que quer lhe dar uma filha, e a beija. Mas de repente ele acorda, e percebe que tudo não passou de um sonho, que sua amada não está com ele.

CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO:
  • Uso da Mitologia: Quando ele fala dos Tritões e das Sereias.
SITUAÇÃO HISTÓRICA:

Não se sabe ao certo o que estava acontecendo no momento que está lira foi escrita, mas acredito que foi quando ele fora deportado para Moçambique por ser acusado de ser um dos supostos líderes da Inconfidência Mineira.


GLOSSÁRIO:

Fatigados : Cansados.
Nau: Antiga embarcação a vela, de alto bordo, com três mastros e numerosas bocas de fogo.
Volteia: Girar.
Enleia: Prender.
Arvoredos: A mastreação do navio.
Branqueja: Apresentar a cor branca.
Costado: Conjunto de chapas ou pranchas que revestem o cavername de um navio.
Tombadilho: A parte mais alta de um navio, que vai do mastro da mezena até a popa.
Açoita: Devasta.
Tritões: Divindade marítima, de ordem inferior.
Búzios: Buzina.
Gajeiro: O marinheiro encarregado de de vigiar no cesto da gávea as embarcações ou a terra.
Cume: A parte mais elevada da montanha.
Mezena: Vela que se enverga na carangueja do mastro de ré em tempo ruim.

Myllena Marques.
Número: 28.
1º C.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Lira V

Parte III

Eu não sou, minha Nise, pegureiro,
que viva de guardar alheio gado;
nem sou pastor grosseiro,
dos frios gelos e do sol queimado,
que veste as pardas lãs do seu cordeiro.
Graças, ó Nise bela,
graças à minha estrela!
A Cresso não igualo no tesouro;
mas deu-me a sorte com que honrado viva.
Não cinjo coroa d’ouro;
mas povos mando, e na testa altiva
verdeja a coroa do sagrado louro.
Graças, ó Nise bela,
graças à minha estrela!
Maldito seja aquele, que só trata
de contar, escondido, a vil riqueza,
que, cego, se arrebata
em buscar nos avós a vã nobreza,
com que aos mais homens, seus iguais, abata.Graças, ó Nise bela,
graças à minha estrela!
As fortunas, que em torno de mim vejo,
por falsos bens, que enganam, não reputo;
mas antes mais desejo:
não para me voltar soberbo em bruto,
por ver-me grande, quando a mão te beijo.
Graças, ó Nise bela,
graças à minha estrela!
Pela ninfa, que jaz vertida em louro,
o grande deus Apolo não delira?
Jove, mudado em touro
e já mudado em velha não suspira?
seguir aos deuses nunca foi desdouro.
Graças, ó Nise bela,
graças à minha estrela!
Pertendam Anibais honrar a História,
e cinjam com a mão, de sangue cheia,
os louros da vitória;
eu revolvo os teus dons na minha idéia:
só dons que vêm do céu são minha glória.
Graças, ó Nise bela,
graças à minha estrela!

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INTERPRETAÇÃO:
 Ao contrário da lira I da parte I,onde a semelhança entre as duas liras em relação a forma escrita,o autor demonstra o desejo de uma vida simples no campo e um amor. Porém já na lira X da parte três III o autor procura demonstrar o quão fútil era a riqueza,pois estava rodeada falsidade.Diz que a deseja,porem não para ser fútil e grotesco como os outros. Diz que não se precisa de muito para fazer história,que para ser ter riqueza,seja qual for,que seja conquistada com garra e luta.

CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO:  

Crítica a busca pela riqueza, um termo usado no arcadismo pode definir inutilia truncat (cortar o inútil),com isso o autor tenta demonstra a busca pela valorização de coisas simples do cotidiano.

GLOSSÁRIO:


pregueiro:Pastor; guardador de gado.
Cinjo:Agarrar-se em alguma coisa: 
reputo:Considerar; Tomar em conta;Julgar; Crer.

Bruna Duarte.
Número: 06
1º C.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Lira IV

Parte III

Amor por acaso
a um pouso chegava,
aonde acolhida
a Morte se achava.

Risonhos e alegres,
os braços se deram,
e as armas unidas
num sítio puseram.

De empresas tamanhas
cansados já vinham,
e em larga conversa
a noite entretinham.

Um conta que há pouco
a seta aguçada
em uma beleza
deixara empregada.

Diz outro que as flechas
cravara no peito
de um grande, que teve
o mundo sujeito.

Enquanto das forças
cada um presumia,
seus membros já lassos
o sono rendia.

Dormindo tranqüilos,
a noite passaram,
e inda antes da aurora
com ânsia acordaram.

- É tempo que o leito
deixemos, ó Morte –
Amor, já erguido,
falou desta sorte.

- É tempo, - em reposta
a Morte repete –
que à nossa fadiga
dormir não compete.

As armas colhamos,
voltemos ao giro:
cada um a seu gosto
empregue o seu tiro.

Vão, inda cos olhos
em sono turbados,
ao sítio em que os ferros
estão pendurados.

Amor para as setas
da Morte se enclina;
de Amor logo a Morte
co’as flechas atina.

Oh! golpes tiramos!
oh! mãos homicidas!
são tiros da Morte
de Amor as feridas.

De um sonho, que pinto,
Marília, conhece
se amor, ou se morte
esta alma padece.
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INTERPRETAÇÃO:



  A lira trás aquilo que acontecia quando não estava à luta. Deixava suas armas no sítio e cansados, passava toda a noite conversando. E quando seus membros já ficavam cansados, vinha o sono. Já antes do nascer do Sol, acordam angustiados. É a hora que levantarão, pegarão suas armas, e voltarão à luta. No final ele já não sabe se sua alma sofre por amor, ou pela morte.

CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO:

  • Pré- Romantismo: Há no final da lira uma manifestação sentimental. (Alma angustiada pelo amor e pela morte).
  • Simplicidade:  Usa um tema e linguagem simples.

SITUAÇÃO HISTÓRICA:

A lira foi escrita quando Tomás de Antonio Gonzaga estava preso na Ilha das Cobras. Nessa terceira parte do livro é fácil encontrar trechos revelações sobre seu sofrimento físico e sentimental resultado daquilo que viveu durante a Inconfidência Mineira. Trecho como: ‘’Oh! Golpes tiramos! Oh mãos homicidas! São tiros de Morte de amor as feridas’’. 



Marcos Vinícius nº 23
1C

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Lira II

Parte III

Em vão do amado
filho que foge,
Vênus quer hoje
notícias ter. 

Sagaz e astuto
ele se esconde
em parte aonde
ninguém o vê. 

Dos sinais dados,
bem se conhece
que ele aborrece
a mãe que tem. 

Se os seus defeitos
Ela publica,
razão lhe fica
de se ofender. 

Foge o menino
e, disfarçado,
vive abrigado
numa cruel. 

Com mil carícias
a ímpia o trata;
nem o desata
do peito seu. 

Se a semelhança
sempre amor gera,
deve uma fera
outra acolher. 

Ah! se o teu nome,
Marília, calo,
que de ti falo
bem podes crer.


Interpretação:
 Nessa lira Tomás Gonzaga fala sobre que por estar preso ele passa por momentos que ele com certeza não se agrada. Na primeira estrofe ele fala que "do filho amado quer notícias ter" entendi que por ele estar preso, alguém sente sua falta, procura ter notícias dele, saber como ele está, e ele faz essa lira para mostrar que na época que estava preso, ele não deixou de pensar em sua amada e por pensar nela ele se sentia bem.

Características do Arcadismo:

Racionalismo: Fácil interpretação.
Pré-Romantismo: Demonstração do amor que ele sente por ela.


Situação Histórica:

Dirceu preso, espera ainda saber sobre o que iria acontecer com ele. Ele ainda tem esperança de voltar a ver a Maria Dorotéia, sua amada. Ele, junto com seus companheiros do movimento da Inconfidência Mineira ainda estavam à espera, para saber o que aconteceria com eles.

Glossário:

Ímpia : Sem fé.
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Matheus Souza Feitosa.
Número:26.
1ºC.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Lira XIX

(Parte 2)

Nesta triste masmorra,
De um semivivo corpo sepultura,
Inda, Marília, adoro
A tua formosura.
Amor na minha idéia te retrata;
Busca, extremoso, que eu assim resista
À dor imensa que me cerca e mata. 

Quando em meu mal pondero,
Então mais vivamente te diviso:
Vejo o teu rosto e escuto
A tua voz e riso.
Movo ligeiro para o vulto os passos:
Eu beijo a tíbia luz em vez de face
E aperto sobre o peito em vão os braços.

Conheço a ilusão minha;
A violência da mágoa não suporto;
Foge-me a vista e caio,
Não sei se vivo ou morto.
Enternece-se Amor de estrago tanto;
Reclina-me no peito, e, com mão terna,
Me limpa os olhos do salgado pranto. 

Depois que represento
Por largo espaço a imagem de um defunto,
Movo os membros, suspiro,
E onde estou pergunto.
Conheço então que Amor me tem consigo;
Ergo a cabeça, que inda mal sustento,
E com doente voz assim lhe digo:

“Se queres ser piedoso,
Procura o sítio em que Marília mora,
Pinta-lhe o meu estrago,
E vê, Amor, se chora.
Se a lágrimas verter a dor a arrasta,
Uma delas me traze sobre as penas,
E para alívio meu só isto basta.”
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INTERPRETAÇÃO:
Nesse poema Tomás está preso, e mesmo estando preso ele sente saudades da sua amada, sente uma dor de não tê-la por perto e fica imaginando ela, ele se sente triste, se sente só, mas ele sabe que esse sentimento que ele tem por ela, traz alívio para ele. E ele sabe que isso basta para ele, apenas seus pensamentos para ele bastavam, para ter ela ainda em sua mente.

CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO:
Simplicidade de temas e de linguagem: Pois Tomás fala de um modo simples sobre seus sentimentos, sobre o que ele sente sobre a Maria Dorotéia.
Pré-romantismo: Em algumas obras árcades, há manifestação sentimentas que o aproximam do romantismo. Vemos que ele demonstra um intenso amor e paixão por ela.

SITUAÇÃO HISTÓRICA:
Com os portugueses oprimindo, destratando os trabalhadores das minas, a produção do ouro fraca, os inconfidentes tinham em mente proclamar a República e tornar o Brasil um país livre de Portugal. Mas um dos participantes do movimento dos inconfidentes, Joaquim Silvério, delatou-os e nomeou Tomás Antonio Gonzaga era o primeiro cabeça dos inconfidentes. Tomás junto com os outros líderes, os outros participantes do movimento foram presos pelos portugueses.

GLOSSÁRIO:
Tíbia: Osso longo que forma a parte interna da perna.
Enternece-se: Comover, sensibilizar.


Matheus Souza Feitosa 
Número: 26
1C

Lira IV

(Parte 2)

Já, já me vai, Marília, branquejando

Louro cabelo, que circula a testa;
Este mesmo, que alveja, vai caindo
E pouco já me resta.

As faces vão perdendo as vivas cores,

E vão-se sobre os ossos enrugando,
Vai fugindo a viveza dos meus olhos;
Tudo se vai mudando.

Se quero levantar-me, as costas vergam;

As forças dos meus membros já se gastam,
Vou a dar ela casa uns curtos passos,
Pesam-me os pés, e arrastam.

Se algum dia me vires destas sorte,

Vê que assim me não pôs a mão dos anos:
Os trabalhos, Marília, os sentimentos,
Fazem os mesmos danos.

Mal te vir, me dará em poucos dias

A minha mocidade o doce gosto;
Verás burnir-se a pele, o corpo encher-se,
Voltar a cor ao rosto.

No calmoso Verão as plantas secam;

Na Primavera, que os mortais encanta,
Apenas cai do Céu o fresco orvalho,
Verdeja logo a planta.

A doença deforma a quem padece;

Mas logo que a doença faz seu termo,
Torna, Marília, a ser quem era dantes,
O definhado enfermo.

Supõe-me qual doente, ou mal a planta,

No meio da desgraça, que me altera;
Eu também te suponho qual saúde,
Ou qual a Primavera.

Se dão esses teus meigos, vivos olhos

Aos mesmos Astros luz, e vida às flores,
Que efeitos não farão, em quem por eles
Sempre morreu de amores?

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INTERPRETAÇÃO:


 A lira começa ressaltando aquilo que Dirceu sente ao ver sua amada. Vai fugindo viveza dos seus olhos, as costas dobram quando quer levantar, as forças dos seus membros se gastam ... Na quarta estrofe Dirceu compara os efeitos dos anos vividos com os efeitos do trabalho e dos sentimentos que Dirceu dedicou a Marília, mas que quando a ter novamente, em poucos dias chegará a mocidade, limpará sua pele, o corpo irá encher e voltará a cor do seu rosto.



CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO:



  • Bucolismo: O autor sita o contato com a natureza falando do verde dos campos, do orvalho. Fala do Verão e da Primavera.
  • Tem uma linguagem simples.


SITUAÇÃO HISTÓRICA:


Quando essa lira foi escrita já estava acontecendo a Inconfidência Mineira. Essa segunda parte do livro  se diferencia da primeira porque perde o esperancismo e a lira começa a ter um tom de pessimismo, resultado da prisão do autor no Rio de Janeiro por se envolver com essa revolta.


GLOSSÁRIO:


Braquejando: Alvejando; alvorecendo; branqueando; clareando; encanecendo.
Alveja:  Acerta o alvo; branqueia; Torna Branco.
Vergam: Dobram; flectem; inflectem.
Burnir-se: Tornar brilhante; polir; lustrar.
Verdeja: Torna-se verde; apresenta cor verde, verdeja os campos.
Padece: Sofre; suporta; admitir; consentir; permitir.

Marcos Vinícius.

Número: 23.
1ºC.

Lira II

(Parte 2)

Esprema a vil calúnia muito embora
Enter as mãos denegridas, e insolentes,
Os venenos das plantas,
E das bravas serpentes.
Chovam raios e raios, no meu rosto
Não hás de ver, Marília, o medo escrito:
O medo perturbador,
Que infunde o vil delito.
Podem muito, conheço, podem muito,
As fúrias infernais, que Pluto move;
Mas pode mais que todas
Um dedo só de Jove.
Este Deus converteu em flor mimosa,
A quem seu nome dera, a Narciso;
Fez de muitos os Astros,
Qu’inda no Céu diviso.
Ele pode livrar-me das injúrias
Do néscio, do atrevido ingrato povo;
Em nova flor mudar-me,
Mudar-me em Astro novo.
Porém se os justos Céus, por fins ocultos,
Em tão tirano mal me não socorrem;
Verás então, que os sábios,
Bem como vivem, morrem.
Eu tenho um coração maior que o mundo!
Tu, formosa Marília, bem o sabes:
Um coração..., e basta,
Onde tu mesma cabes.

INTERPRETAÇÃO

O autor começa falando que foi acusado é preso falsamente, é que ele tinha medo que nunca mas conseguisse ver Marília, também fala que muitas pessoas ofendiam ele. No final da lira ele fala que pessoas tiranas batiam nele por ter autoridade.

CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO

bucolismo: por que o autor cita na lira, em uma flor que as folhas se fecham quando as tocadas, flor mimosa.

tem uma linguagem simples.


SITUAÇÃO HISTÓRICA

Nesta época Tomás estava detido na ilha das cobras no Rio de janeiro aonde começou a descrever como era a situação naquele lugar.

GLOSSÁRIO

CALÚNIA: Acusação, falsa.
DENEGRIDAS: Manchar.
DELITO: Crime, infração.
MIMOSA: Planta cujas as folhas se tocadas ainda que levemente fecham sobre si mesma.
INJURIAS: Ofensa, afronta
TIRANO: Cruel, opressor que abusa do poder.
 INFUNDI: Ideias, planos.


Nome: Guilherme de melo
número: 11
1°C

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Lira IX

( Parte 2)

A estas horas
Eu procurava
Os meus Amores;
Tinham-me inveja
Os mais Pastores.

A porta abria,
Inda esfregando
Os olhos belos,
Sem flor, nem fita,
Nos seus cabelos.

Ah! que assim mesmo
Sem compostura,
É mais formosa,
Que a estrela d’alva,
Que a fresca rosa.

Mal eu a via,
Um ar mais leve,
(Que doce efeito!)
Já respirava
Meu terno peito.

Do cerco apenas
Soltava o gado,
Eu lhe amimava
Aquela ovelha
Que mais amava.

Dava-lhe sempre
No rio, e fonte,
No prado, e selva,
Água mais clara,
Mais branda relva.

No colo a punha;
Então brincando
A mim a unia;
Mil coisas ternas
Aqui dizia.

Marília vendo,
Que eu só com ela
É que falava,
Ria-se a furto,
E disfarçava.

Desta maneira
Nos castos peitos,
De dia em dia
A nossa chama
Mais se acendia.

Ah! quantas vezes,
No chão sentado,
Eu lhes lavrava
As finas rocas,
Em que fiava!

Da mesma sorte
Que à sua amada,
Que está no ninho,
Fronteiro canta
O passarinho;

Na quente sesta,
Dela defronte,
Eu me entretinha
Movendo o ferro
Da sanfoninha.

Ela por dar-me
De ouvir o gosto,
Mais se chegava;
Então vaidoso
Assim cantava:

“Não há Pastora,
“Que chegar possa
“À minha Bela,
“Nem quem me iguale
“Também na estrela;

“Se amor concede
“Que eu me recline
“No branco peito,
“Eu não invejo
“De Jove o feito;

“Ornam seu peito
“As sãs virtudes,
“Que nos namoram;
“No seu semblante
“As Graças moram.”

Assim vivia...
Hoje em suspiros
O canto mudo;
Assim, Marília,
Se acaba tudo.

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INTERPRETAÇÃO

A lira conta que Dirceu não aguentava mais ficar longe de Marília, porque a saudades estava apertando cada vez mais. No 4º estrofe Dirceu dizia que ao ver Marília ele se sentia bem, ficava mais alegre ao vê-la.

CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO


Imitação da natureza: O autor cita muito sobre a beleza de sua amada.
Tem uma linguagem simples.


SITUAÇÃO HISTÓRICA

Nesta época já estava ocorrendo a Inconfidência Mineira, e foi neste acontecimento que o personagem foi acusado de conspiração e foi preso no Rio de Janeiro, onde sofre por saudades de sua amada.


GLOSSÁRIO

Relva: Lugar coberto por essas ervas.
Castos: Que tem pureza de alma, de corpo.
Defronte: Frente a frente; face a face; em frente.
Semblante: Rosto, cara, feições.


Ana Beatriz.
Número:01.
1º C.

Lira V

( Parte 2 )

Os mares, minha bela, não se movem,

O brando Norte assopra, nem diviso
Uma nuvem sequer na Esfera toda;
O destro Nauta aqui não é preciso;
Do seu governo a roda.

Mas ah! que o sul carrega, o mar se empola,

Rasga-se a vela, o mastaréu se parte!
Qualquer varão prudente aqui já teme;
Não tenho a necessária força, e arte.
Corra o sábio Piloto, corra, e venha
Reger o duro leme.

Como sucede à nau no mar, sucede

Aos homens na ventura, e na desgraça;
Basta ao feliz não ter total demência;
Mas quem de venturoso a triste passa,
Deve entregar o leme do discurso
Nas mãos da sã prudência.

Todo o Céu se cobriu, os raios chovem:

E esta alma, em tanta pena consternada,
Nem sabe aonde possa achar conforto.
Ah! não, não tardes, vem, Marília amada,
Toma o leme da nau, mareia o pano,
Vai-a salvar no porto.

Mas ouço já de Amor as sábias vozes:

Ele me diz que sofra, senão morro,
E perco então, se morro, uns doces laços;
Não quero já, Marília, mais socorro;
Oh! ditoso sofrer, que lucrar pode
A glória dos teus braços!

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INTERPRETAÇÃO

Essa lira fala sobre o local onde ele estava preso, que ele não conseguiu ver muitas coisas, e descrevendo as poucas coisas que podia ver ainda. Ele também conta sobre o governo, onde por ele ser um dos inconfidente,  acabou sendo aprisionado, contando que por ser um desses aventureiro, foi preso. E nesse lugar onde ele está é muito desconfortável, além da saudade imensa que ele sente por Marília, que não ver a hora de ele sair e poder vê-la. 


ARCADISMO

-tom confessional , porque fala que a prisão é horrível sem lugares de conforto, e confessando sobre a inconfidência.

-estado de espírito de espontaneidade dos sentimentos, porque ele conta com está sentido a falta de sua amada, a Marília.

CONTEXTO HISTÓRICO

Nessa lira ele comenta bastante sobre a Inconfidência Mineira , que como era um dos inconfidentes , acabou sendo aprisionado por um bom tempo pelas autoridades de Portugal, que por uma aventura , acabou acontecendo uma desgraça como aparece na lira, ficando longe de sua amada.

GLOSSÁRIO

brando : que tem pouca atividade, pouco vigor, sem firmeza moral.
nauta: embarcação.
mastaréu:pequeno mastro.
leme: governar.
nau: antiga embarcação a vela.



Guilherme Koichi.

 Número:12. 
1° C.

Lira III

( Parte 2)

Sucede, Marília bela,
À medonha noite o dia;
A estação chuvosa e fria
À quente seca estação.
              Muda-se a sorte dos tempos;
              Só a minha sorte não?

Os troncos nas Primaveras
Brotam em flores viçosos,
Nos Invernos escabrosos
Largam as folhas no chão.
           Muda-se a sorte dos tempos;
           Só a minha sorte não?

Aos brutos, Marília, cortam
Armadas redes os passos,
Rompem depois os seus laços,
Fogem da dura prisão.
           Muda-se a sorte dos brutos;
           Só a minha sorte não?

Nenhum dos homens conserva
Alegre sempre o seu rosto;
Depois das penas vem gosto,
Depois de gosto aflição.
             Muda-se a sorte dos homens;
             Só a minha sorte não?

Aos altos Deuses moveram
Soberbos Gigantes guerra;
No mais tempos o Céu, e a Terra
Lhes tributa adoração.
             Muda-se a sorte dos Deuses;
             Só a minha sorte não?

Há de, Marília, mudar-se
Do destino a inclemência;
Tenho por mim a inocência,
Tenho por mim a razão.
            Muda-se a sorte de tudo;
            Só a minha sorte não?

O tempo, ó Bela, que gasta
Os troncos, pedras, e o cobre,
O véu rompe, com que encobre
À verdade a vil traição.
              Muda-se a sorte de tudo;
              Só a minha sorte não?

Qual eu sou, verá o mundo;
Mais me dará do que eu tinha,
Tornarei a ver-te minha;
Que feliz consolação!
             Não há de tudo mudar-se;
             Só a minha sorte não.

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INTERPRETAÇÃO:

Nesta Lira, o autor está preso, e se queixa muito da prisão. Na sua visão, tudo muda, as estações, e principalmente a sorte dos outros, menos a dele. Ainda apaixonado por Marília, expressa  muita saudade da amada, e não vê a hora de sair de lá, pra reencontra-lá.

CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO:

  • Tom confessional: quando ele expressa a sua indignação pela sorte de todos mudarem, menos a dele.
  • Arcadismo poético, que retorna à tradição clássica, e valorização da natureza e da mitologia. 

SITUAÇÃO HISTÓRICA:

Esta lira foi escrita na mesma época que Tomás Antônio Gonzaga, foi acusado de ser um  dos supostos líderes da Inconfidência Mineira. Sendo assim, foi mandado para Ilha de Cobras, no Rio de Janeiro, onde passou três anos.

GLOSSÁRIO:

Sucede: Acontece.
Medonha: Tenebrosa.
Viçosos: Vegetação Exuberante. 
Escabrosos: Áspero.
Inclemência: Impiedade.
Vil: Canalha.

Myllena Marques.
Número:28.
1º C.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Lira 1

(Parte 2)


Já não cinjo de louro a minha testa;
Nem sonoras canções o Deus me inspira:
Ah! que nem me resta
Uma já quebrada,
Mal sonora Lira!

Mas neste mesmo estado, em que me vejo,
Pede, Marília, Amor que vá cantar-te:
Cumpro o seu desejo;
E ao que resta supra
A paixão, e a arte.

A fumaça, Marília, da candeia,
Que a molhada parede ou suja, ou pinta,
Bem que tosca, e feia,
Agora me pode
Ministrar a tinta.

Aos mais preparos o discurso apronta:
Ele me diz, que faça do pé de uma
Má laranja ponta,
E dele me sirva
Em lugar de pluma.

Perder as úteis horas não, não devo;
Verás, Marília, uma idéia nova:
Sim, eu já te escrevo,
Do que esta alma dita
Quando amor aprova.

Quem vive no regaço da ventura
Nada obra em te adorar, que assombro faça:
Mostra mais ternura
Quem te ensina, e morre
Nas mãos da desgraça.Nesta cruel masmorra tenebrosa
Ainda vendo estou teus olhos belos,
A testa formosa,
Os dentes nevados,
Os negros cabelos.

Vejo, Marília, sim, e vejo ainda
A chusma dos Cupidos, que pendentes
Dessa boca linda,
Nos ares espalham
Suspiros ardentes.

Se alguém me perguntar onde eu te vejo,
Responderei: No peito, que uns Amores
De casto desejo
Aqui te pintaram,
E são bons Pintores.

Mal meus olhos te riam, ah! nessa hora
Teu retrato fizeram, e tão forte,
Que entendo, que agora
Só pode apagá-lo
O pulso da Morte.

Isto escrevia, quando, ó Céus, que vejo!
Descubro a ler-me os versos o Deus louro:
Ah! dá-lhes um beijo,
E diz-me que valem
Mais que letras de ouro.

INTERPRETAÇÃO:

Nesta época ele estava preso, com isso ele escreve o que ele sentia e quando lembrava da sua imagem e escreve também que tudo isso que ele sente por Marília valem mais que letras de ouro.

CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO:

Estado de espírito de espontaneidade dos sentimentos.

CONTEXTO HISTÓRICO:

Vivendo a principio em rigorosa incomunicabilidade, o namorado consegue evadir-se espiritualmente dos horrores do cárcere, que descreve com realismo, e continua a celebrar a sua Marília, esperançado na libertação.

GLOSSÁRIO:

Cinjo - Fazer parte de algo ou permanecer em seu interior.
Candeia - Lâmpada formada por um recipiente de barro ou de folha.
Pluma - Pena de ave especialmente preparada para adorno.
Chusma - Multidão, grande número de coisas, quantidade.
Casto - Que tem pureza de alma, de corpo.
Supra - Que está acima.

Cattarina Bites
Número: 7
1º ''C''

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Assonância


"Com tal destreza toco a sanfoninha,
Que inveja até me tem o próprio Alceste:
Ao som dela concerto a voz celeste;
Nem canto letra, que não seja minha."

Lira I


"Já não me responde;
Parece se esconde."

Lira V


Matheus Souza Feitosa Nº 26
1C

Lira IV

Marília, teus olhos
São réus, e culpados,
Que sofra, e que beije
Os ferros pesados
De injusto Senhor.
Marília, escuta
Um triste Pastor.

Mal vi o teu rosto,
O sangue gelou-se,
A língua prendeu-se,
Tremi, e mudou-se
Das faces a cor.
Marília, escuta
Um triste Pastor.

A vista furtiva,
O riso imperfeito,
Fizeram a chaga,
Que abriste no peito,
Mais funda, e maior.
Marília, escuta
Um triste Pastor.

Dispus-me a servir-te;
Levava o teu gado
À fonte mais clara,
À vargem, e prado
De relva melhor.
Marília, escuta
Um triste Pastor.

Se vinha da herdade,
Trazia dos ninhos
As aves nascidas,
Abrindo os biquinhos
De fome ou temor.
Marília, escuta
Um triste Pastor.

Se alguém te louvava,
De gosto me enchia;
Mas sempre o ciúme
No rosto acendia
Um vivo calor.
Marília, escuta
Um triste Pastor.

Se estavas alegre,
Dirceu se alegrava;
Se estavas sentida,
Dirceu suspirava
À força da dor.
Marília, escuta
Um triste Pastor.
Falando com Laura,
Marília dizia;
Sorria-se aquela,
E eu conhecia
O erro de amor.
Marília, escuta
Um triste Pastor.

Movida, Marília,
De tanta ternura,
Nos braços me deste
Da tua fé pura
Um doce penhor.
Marília, escuta
Um triste Pastor.

Tu mesma disseste
Que tudo podia
Mudar de figura;
Mas nunca seria
Teu peito traidor.
Marília, escuta
Um triste Pastor.

Tu já te mudaste;
E a faia frondosa,
Aonde escreveste
A jura horrorosa,
Tem todo o vigor.
Marília, escuta
Um triste Pastor.

Mas eu te desculpo,
Que o fado tirano
Te obriga a deixar-me;
Pois basta o meu dano
Da sorte, que for.
Marília, escuta
Um triste Pastor.

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INTERPRETAÇÃO:

Marília tinha um triste olhar por causa de um grande amor. Toda vez que ela o via, ela ficava nervosa, sem reação, ficava toda tímida, seu coração batia mais forte. Ela ajudava seu grande amor a cuidar de seus animais. Ela sentia ciúmes pelo seu amado, ela não gostava que outras pessoas estivessem perto dele. Seu grande amor era Dirceu, mas ela tinha um amor proibido por ele. Marília tinha uma amiga chama Laura, era ela quem conversava sobre esse amor proibido. Por um instante, Marília esteve nos braços de seu amado, mas logo depois Dirce à traiu, mas mesmo assim ela o desculpava pelo seu erro, Marília desabafava com um triste pastor.


CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO:


  • Pastoralismo, um exemplo dessa característica é o trecho ''UM TRISTE PASTOR''.
  • Bucolismo: busca pelos valores da natureza,  quando ele fala sobre as aves e sobre o campo.
SITUAÇÃO HISTÓRICA:

Esta lira foi escrita em  pleno o Brasil Colonia. Mesma época da Inconfidência Mineira, que foi quando os brasileiros decidiram lutar pela liberdade contra a opressão do governo Português no período colonial.  Também acontecia no Brasil o 'Ciclo do Ouro' que foi quando as exportações do açúcar brasileiro começaram a diminuir, pois os Holandeses começaram a produzir este produto na America Central, e o mercado consumidor europeu passou a dar preferência para o açúcar holandês.  

GLOSSÁRIO:

Réus: criminoso.
Furtiva: escondida.
Faia: certo tipo de árvore.
Fado: destino.

Ana Beatriz.
Número: 01

Assonância


As abelhas nas asas suspendidas
Tiram, Marília, os sucos saborosos.

Lira IX

O mel não chupam, chupam ambrosias
Nunca fartos Amores.

Guilherme Koichi
Número:12

Assonância

Todos amam:Só Marília
Desta Lei da Natureza
Queria ter isenção?



Não se abrasa,não suspira
Pelo amor de Endimião?

Bruna Duarte
Número: 06

Lira VI

Oh! Quanto pode em nós a vária Estrela!
Que diversos que são os gênios nossos!
Qual solta a branca vela,
E afronta sobre o pinho os mares grossos;
Qual cinge com a malha o peito duro,
E afronta sobre o pinho os mares grossos;
Qual cinge com a malha o peito duro,
E marchando na frente das coortes,
Faz a torre voar, cair o muro.
O sórdido avarento em vão defende
Que possa o filho entrar no seu tesouro;
Aqui fechado estende
Sobre a tábua, que verga, as barras d’ouro.
Sacode o jogador do copo os dados;
E numa noite só, que ao sono rouba,
Perde o resto dos bens, do pai herdados.

O que da voraz gula o vício adora,
Da lauta mesa os seus prazeres fia.
E o terno Alceste chora
Ao som dos versos, a que o gênio o guia.
O sábio Galileu toma o compasso,
E sem voar ao Céu, calcula, e mede
Das Estrelas, e Sol o imenso espaço.

Enquanto pois, Marília, a vária gente
Se deixa conduzir do próprio gosto,
Passo as horas contente
Notando as graças do teu lindo rosto.
Sem cansar-me a saber se o Sol se move;
Ou se a terra volteia, assim conheço
Aonde chega o poder do grande Jove.

Noto, gentil Marília, os teus cabelos.
E noto as faces de jasmins, e rosas:
Noto os teus olhos belos,
Os brancos dentes, e as feições mimosas:
Quem faz uma obra tão perfeita, e linda,
Minha bela Marília, também pode
Fazer os Céus, e mais, se há mais ainda.

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INTERPRETAÇÃO:

A lira fala que o pai do personagem em questão, está passando por um momento muito difícil, porque ele está em uma época com muitas guerras, onde o povo está lutando pelos seus direitos. Porém com tudo isso o pai acaba deixando uma herança, onde seu filho perde todo o resto da herança que tinha em um jogo de dado. Mas com tudo isso, ele ainda consegue ficar alegre por ver Marília, e com isso ele esquece de tudo o que está acontecendo, e só quer aprecia-la.

CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO:

 A característica que pude perceber foi a exaltação da pureza, da ingenuidade e da beleza, porque  no final ele fala assim: " Noto os teus belos, Os brancos dentes; e as feições mimosas".

Outro que pude perceber foi a tensão entre burguês culto, da cidade, contra a aristocracia, porque ele fala sobre conflitos: "E marchando na frente das coortes, Faz a torre voar, cair o muro".

CONTEXTO HISTÓRICO:


Como naquela época era muito comum as pessoas irem pela busca de seus direitos, acabou acontecendo conflitos, e nesses conflitos foram sendo descobertos muitos idealistas, e filosóficos. Porém o pai do personagem acabou morto e passou todas suas heranças para seu filho como era de costume. Mas como ele era muito ambicioso perdeu em jogos.


GLOSSÁRIO:


Cingir: Envolver,estar cercado,rodear cercar.
Sórdido: Algo de baixo nível,repugnante torpe.
Avarento: Aquele ou algo que alimenta paixão por dinheiro;Alguém que não é generoso ou caridoso.


Guilherme Koichi.
Número: 12

Assonância

Lira III

Um semblante peregrino;
Eu adoro o teu divino

Lira XIII

Ao vale desce,
Sem que ele cesse

Marcos Vinícius nº 23

Lira VIII


Marília, de que te queixas?
De que te roubou Dirceu
O sincero coração?
Não te deu também o seu?
E tu, Marília, primeiro
Não lhe lançaste o grilhão?
Todos amam: só Marília
Desta Lei da Natureza
Queria ter isenção?

Em torno das castas pombas,
Não rulam ternos pombinhos?
E rulam, Marília, em vão?
Não se afagam c’os biquinhos?
E a prova de mais ternura
Não os arrasta a paixão?
Todos amam: só Marília
Desta Lei da Natureza
Queria ter isenção?

Já viste, minha Marília,
Avezinhas, que não façam
Os seus ninhos no verão?
Aquelas, com que se enlaçam,
Não vão cantar-lhes defronte
Do mole pouso, em que estão?
Todos amam: só Marília
Desta Lei da Natureza
Queria ter isenção?

Se os peixes, Marília, geram
Nos bravos mares, e rios,
Tudo efeitos de Amor são.
Amam os brutos impios,
A serpente venenosa,
A onça, o tigre, o leão.
Todos amam: só Marília
Desta Lei da Natureza
Queria ter isenção?

As grandes Deusas do Céu
Sentem a seta tirana
Da amorosa inclinação.
Diana, com ser Diana,
Não se abrasa, não suspira
Pelo amor de Endimião?
Todos amam: só Marília
Desta Lei da Natureza
Queria ter isenção?

Desiste, Marília bela,
De uma queixa sustentada
Só na altiva opinião.
Esta chama é inspirada
Pelo Céu; pois nela assenta
A nossa conservação.
Todos amam: só Marília
Desta Lei da Natureza
Não deve ter isenção.

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INTERPRETAÇÃO:

Nessa lira o autor faz uso de várias comparações com o intuito de questionar Marília pelo fato de não querer amar," Todos amam: só Marília Desta Lei da Natureza queria ter isenção?" Marília parece passar por um momento difícil com Dirceu,um homem que a ama muito.
Várias vezes o autor a questiona,e como uma forma de convence-la que amar faz parte de um processo natural na vida de qualquer ser,menciona o amor entre vários animais,dentre eles está o peixe, na lira diz:"Se os peixes,Marília,geram nos bravos mares e rios,tudo efeitos de amor são".Nesse trecho creio que o autor,procura mostrar a Marília,que mesmo com turbulências e momentos difíceis,ainda sim podemos amar e superar tais momentos.Mas porque Marília queria ser livre do amor? O autor demonstra na lira que ninguém pode se privar de tal sentimento,e no final diz  "Desiste,Marília bela,de uma queixa sustentada só na altiva opinião,esta chama é inspirada pelo céu,pois nela assenta a nossa conservação" Nesse último trecho,o autor diz para Marília desistir,pois não pode sustentar-se em opinião alheia,não se pode privar-se do amor,pois ele acontece inesperadamente.

CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO:

A presença de uma linguagem simples na lira,sem muito mistério,algo relativamente claro.Pode-se notar isso percebendo como o autor a todo momento faz simples comparações para facilitar a compreensão.


SITUAÇÃO HISTÓRICA:

Portugal passava por um momento difícil e a maneira encontrada para superá-la foi explorar com mais intensidade suas colônias,os mineiros cansados de tamanha exploração,buscaram uma forma de desligar-se de sua metrópole.Dá-se início a várias revoltas,entre elas está a Inconfidência Mineira no período Árcade,que envolvia escritores Árcades a maioria mineiros,um deles era Antônio Gonzaga.


GLOSSÁRIO:

Isenção:
Não estar sujeito a tal situação,um dever ou obrigação.

Afagar:   Acariciar,fazer carinho,etc.

Grilhão: Correntes com aros de metal.

Impios: Pessoas cruéis sem piedade.



Bruna Duarte
Número:06

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Assonância

Lira 1

Graças, Marília Bela,
Graças à minha estrela.

Lira V

O mesmo não sou.
O curso voltou.

Cattarina Bites 
Nº-7
1º ''C''

Lira III


De amar, minha Marília, a formosura
Não se podem livrar humanos peitos.
Adoram os heróis; e os mesmos brutos
Aos grilhões de Cupido estão sujeitos.
Quem, Marília, despreza uma beleza,
A luz da razão precisa;
E se tem discurso, pisa
A lei, que lhe ditou a Natureza.

Cupido entrou no Céu. O grande Jove
Uma vez se mudou em chuva de ouro;
Outras vezes tomou as várias formas
De General de Tebas, velha, e touro.
O próprio Deus da Guerra desumano
Não viveu de amor ileso;
Quis a Vênus, e foi preso
Na rede, que lhe armou o Deus Vulcano.

Mas sendo amor igual para os viventes,
Tem mais desculpa, ou menos esta chama:
Amar formosos rostos acredita,
Amar os feios de algum modo infama.
Que lê que Jove amou, não lê nem topa,
Que ele amou vulgar donzela:
Lê que amou a Dânae bela,
Encontra que roubou a linda Europa.

Se amar uma beleza se desculpa
Em quem ao próprio Céu, e terra move:
Qual é a minha glória, pois igualo,
Ou excedo no amor ao mesmo Jove?
Amou o Pai dos Deuses Soberano
Um semblante peregrino:
Eu adoro o teu divino,
O teu divino rosto, e sou humano.

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INTERPRETAÇÃO:

No começo desta lira o autor fala do amor por Marília e de como ela é formosa. Também diz que, nem um deus aguentou de tanto amor por uma mulher, e que o amor de um deus e igual a um amor humano é que nem um deus consegue escapar do cupido. 


SITUAÇÃO HISTÓRICA:


Nesta época Thomás Antônio Gonzaga estava detido pela participação na inconfidência mineira, e acabou escrevendo várias liras sobre sua paixão por Marília.


GLOSSÁRIO:

GRILHÕES; argolas e correntes que prendem ás pernas dos criminosos.
SEMBLANTE: aparência de algo, face de alguém que pode estar feliz ou triste.
INFAMA: desonesto,imoral.
FORMOSURA: beleza.

Nome: Guilherme de Melo dos Santos.
Número: 11.